CINEMA NACIONAL. AVENTURA E SEDUÇÃO


Gosto de cinema! Cinema, para mim, é sair do espaço real e viajar pelo imaginário tornando-o real. Digo isto na medida em que ao mergulhar na história, todo meu organismo se manifesta, se emociona e reage como se a história narrada na tela me tragasse e me fizesse uma personagem que interage na e com a trama.
Nem sempre me importa o gênero do filme, desde que sua trama seja bem amarrada e, em geral, prenda minha atenção, me seduzindo para continuar a acompanhar a história. Na verdade, gosto mesmo é de narrativas que me surpreendam a cada passagem de cena.
Nem sei explicar exatamente o que me cativa tanto no cinema e, sinceramente, acho que não precisa de explicação. Me encanto com o cinema: simples, assim!!!
Pelo fato do cinema me atrair tanto, em minhas experiências de sala de aula tenho o hábito de trazer filmes para auxiliar na discussão de algum assunto (Já “conversamos” sobre a importância do cinema na Educação em postagem anterior). Quando converso com os alunos sobre cinema, em geral dizem não apreciar filme nacional. Há, na verdade, certa rejeição por parte dos alunos quando pronuncio a expressão “cinema nacional”. Alguns fazem expressão de desaprovação, outros, expressão de indiferença. Outros, ainda, fazem questão de verbalizar o tanto que não gostam de filme nacional. Parece que, para eles, só Hollywood é capaz de fazer cinema de qualidade, e, “assistível” (como se esta expressão existisse!).
Com a experiência de usar filmes nacionais em aulas e cursos, acabo percebendo que, na verdade, o que ocorre é que em geral as pessoas não se permitem assistir a filmes nacionais. É comum eu trabalhar os filmes: “Narradores de Javé”, “Avaeté. Semente da vingança”, “Os porralokinhas”, entre outras películas nacionais e, logo após as primeiras cenas, fica evidente como os espectadores são seduzidos por estas narrativas. Quando comentamos as narrativas, as cenas, a qualidade da produção me fica a certeza da minha afirmação acima: é preciso se oportunizar a ver filmes nacionais.

Mas quero dizer que a indústria do cinema brasileiro é de muita qualidade, e não é um adjetivo que se aplique somente a filmografia recente. O Brasil sempre teve produções de qualidade. Talvez a divulgação e as estratégias promocionais de financiamento é que não se equiparam ao que se dedica aos filmes da mega indústria America. É preciso dizer ainda que, embora a grande maioria não saiba, a Índia é o país que mais produz e aprecia cinema. Incrível, não? Acredito que muitos pensem que este status pertença ao cinema hollywoodiano.
Bom, mas o fato é que venho ocupar este espaço para falar de cinema brasileiro e sua qualidade, em certa medida expressos em seus reconhecidos índices de bilheteria e prêmios.
Desde o início da história do cinema brasileiro as narrativas em tela já seduziam uma plateia fiel ainda no conhecido cinema mudo, que em geral traziam imagens do cotidiano das cidades e mostravam paisagens das mesmas. Desde 1898, quando o italiano Alfonso Segreto volta da Europa, filma a chegada da embarcação na Baia de Guanabara, até o final de 1920 mais de 200 películas foram produzidas.
O cinema narrativo brasileiro, a partir da década de 1930 com a introdução do som, teve seu desenvolvimento acelerado com a criação de empresas de produção cinematográfica que colocavam em circulação comédias do gênero chanchada, que marcou época e projetou o cinema brasileiro no Circuito mundial. Neste período destaca-se as produções da Atlântida Cinematográfica, empresa brasileira que produziu uma dezena de filmes de importantes números de bilheteria, como “Moleque Tião” (1941), e os musicais que fizeram época, como “Este mundo é um pandeiro” (1947), “Carnaval de fogo” (1949), e um dos campeões de bilheteria da época: “O ébrio”, interpretado por Vicente Celestino, em 1946.
Em 1949, na cidade de São Paulo, dois grandes empresários, Franco Zampari e Francisco Matarazzo Sobrinho, fundam a Companhia Vera Cruz, com equipamentos de última geração prontos para equipar a produção nacional com as produções internacionais.
Por vota de 1960, forma-se o movimento revolucionário “Cinema novo” (reconhecido e valorizado internacionalmente) dá um novo impulso a cinematografia nacional no circuito internacional e coloca “O pagador de promessas” (Anselmo Duarte) como premiado no Festival Internacional de Cannes. O movimento aqui destacado primava por colocar nas telas enredos que retratavam o cotidiano e as mazelas vividas pela população brasileira. Nesta perspectiva “Deus e o diabo na terra do sol” e “Terra em transe”, de Glauber Rocha, ganham espaço e valorização da crítica internacional. Também Carlos Diegues, com “Ganga Zumba” e “Vidas Secas” de Nelson Pereira dos Santos seguem os mesmos passos do sucesso no mundo cinematográfico.

Os anos de 1970 e 1980 são considerados como décadas da decadência do cinema nacional. É a época em que películas de narrativas “fáceis” de entendimento e de apelo de cunho sexual invadiram as telas de cinema brasileiro, e não cabe aqui a discussão de fatores que contribuíram para tal condição da cinematografia nacional. Mesmo assim, alguns produtores insistiram, acreditaram e produziram importantes obras: “Aleluia Gretchen” (Silvio Back), “Vai trabalhar vagabundo” (Hugo Carvana), “Dona flor e seus dois maridos” (Bruno Barreto).

Entre os anos de 1960 e 1970 pode-se identificar algumas películas filiadas ao movimento por muitos denominados de “contacultura” ou cinema marginal, cujo signo produziu, entre outros, “O bandido da luz vermelha” em 1968.
A partir de 1990 uma multiplicidade de temas invade as telas em produções nacionais colocando em circulação temas diversos, que atendem aos diferentes públicos: comédias, policiais, romances, etc., favorecidos por políticas públicas de incentivo a produções em território brasileiro.
Para não me alongar muito, não há como deixar de citar todas as produções que narram as histórias e aventuras dos Trapalhões, Didi e, claro, a reconhecida “Rainha Xuxa”, que juntos somam significativos índices (imbatíveis) de bilheteria, os quais fazem inveja a muitas produções de Hollywood (ainda que pesem as preferências de cada um). Também é preciso reconhecer que na década de 70 o incomparável “Jeca Tatu”, estrelado por Mazzaropi (também o produtor e diretor), levava as salas de cinema aventuras que seduziam uma platéia fiel ao “herói brasileiro” daquela época.
Abaixo relaciono alguns filmes que marcaram de forma especial a história do cinema brasileiro, mais especificamente, uma época bem próxima aos tempos que vivemos em contexto atual.

Pra frente Brasil (1982)
Roberto Carlos a 300 Km por hora (1971)
Como era gostoso o meu francês (1971)
O menino da porteira (1977)
A dama do lotação (1978)
Lúcio Flávio passageiro da agonia (1977)
O cortiço (1978)
O caso Cláudia (1979)
Eu te amo (1981)
Menino do Rio (1982)
Xica da Silva (1976)
Sargento Getúlio (1983)
A marvada carne (1985)
Avaeté. Semente da vingança (1985)
Cabra marcado para morrer (1984)
Lua de Cristal (1990)
Carlota Joaquina. Princesa do Brazil (1995)
O quatrilho (1995)
O guarani (1996)
Central do Brasil (1998)
Hans Staden (1999)
O auto da compadecida (2000)
Tainá. Uma aventura na Amazônia (2000)
Caramuru. A invenção do Brasil (2001)
Cidade de Deus (2002)
Tainá. A aventura continua (2002)
Lisbela e o prisioneiro (2003)
Carandiru (2003)
Os normais (2003)
Cazuza. O tempo não para (2004)
Olga (2004)
Dois filhos de Francisco (2005)
Tropa de Elite (2007) – maior bilheteria da história do cinema nacional
Se eu fosse você (2006)
A grande família (2007)
Os porralokinhas (2007)
Meu nome não é Jhonny (2008)
Se eu fosse você 2 (2009)
A mulher invisível (2009)
Divâ (2009)
De pernas pro ar (2010)
Nosso lar (2010)
Chico Xavier (2010)
NARRADORES DE JAVÉ (2003), este, trataremos em nosso próximo encontro.

Até lá!!!!!!
Profª Ninha

Um comentário:

  1. É isso ai Ninha, eu adoro cinema e acredito que é uma das formas mais simples e didáticas de se ensinar e aprender. Sem contar que nos divertimos muito assistindo um bom filme!!!

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